hoje é dia dois.
vinte e quatro primaveras se passaram.
e como todo ano eu sempre faço um pedido neste dia. hoje o meu pedido é você. e como todo ano, não sei se por destino ou peça divina, os meus pedidos acabam não sendo realizados. me lembro vagamente dos últimos e me questiono do por que aquilo não seria o correto no momento.
hoje é dia dois, amigão. você tem vinte e quatro horas para lembrar que eu existo. mas como é de se esperar, e como acontece todos os anos, irá cair um planeta na Terra, um vírus mortal vai impedir que todos saiam de casa, a tempestade do século vai acontecer, espíritos famintos vão se tornar reais - ou de todos, o pior: você vai estar cansado demais. e infelizmente você não poderá me dar parabéns.
hoje é dia dois, ainda. rápido, rapaz, você ainda tem tempo - cada minuto do dia eu vou passar olhando o celular e pensando que você tem algo melhor para fazer ou que sua melhor amiga precisa de uma ajuda fashion ou quem sabe você tem uma festa incancelável ou que até mesmo alguém da família ficou doente - então vamos lá, me mostre, que eu, como todo esse jeitão grosseiro e pseudo-intelectual estou errado: e que cinco minutos, talvez três, vai, do seu dia, vão ser para mim.
um dia se passou.
hoje foi dia dois. nenhum planeta caiu; nem vírus apareceu; nenhuma tempestade existiu; sua família está bem; e mesmo sua melhor amiga não precisou daquela sua dica fashion.
o dia dois acabou, camarada. e você nem sequer lembrou de mim. do meu perfume e do meu olhar. se três minutos eram muito, um parabéns de meio segundo bastava. mas nem isso eu tive. e esse destino de desejos mal gastos continuou a valer. quem sabe ano que vem terei mais sorte. e no mesmo dia dois, alguém vai pensar em mim, por pelo menos um segundo.