sexta-feira, 22 de maio de 2009

Lispector.

'sou composto por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. me entupo de ausências, me esvazio de excessos. eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.'

quarta-feira, 6 de maio de 2009

o que uma faca pode causar.

como é complicado ficar desorientado. mudo. constante. dói tanta coisa, às vezes até o som, doce, de uma colher caindo no chão, faz com que os tímpanos fiquem rompidos. o passado é uma carta branca que de tanto lavar, ficou sem cor. o problema é que a gente tenta 'redesenhar' do nosso jeito, para poder viver de novo o que foi bom. cortei a mão por esses dias. cortando legumes, por sinal. fiquei ali, analisando o sangue, as bolhas de ar que, mesmo sendo minúsculas, coloriam o vermelho intenso. a dor passa quando se sente outra dor, em outro lugar, em outro horário e até quem sabe em outra vida. é que gravar as coisas é simples, ninguém pensa em como retirar depois, ninguém pensa no desastre que uma faca tem. digo isto porque a cicatriz está aqui, no canto esquerdo do meu dedo, profunda e vermelha como a morte em branco. pensar que não sei nada é bom, assim dói menos. mas será que vale a pena, realmente, não sofrer no começo pra resistir ao meio? 'você não tem ossos de vidro'. no fundo é verdade, e você aprende isso de uma forma ou de outra. com uma faca ou outro sentimento qualquer.

ser humano é tão fácil,

o difícil é viver como humano.